Com a economia instável e o desemprego em alta - que atinge mais de 12,9 milhões de brasileiros -, a saída para muitos trabalhadores é gerar renda trabalhando por conta própria.
Esses fatores impulsionaram a formalização de serviços nos mais diversos setores, em todo o país. Tanto que, entre novembro do ano passado e maio deste ano, houve um aumento de 17% no número de CNPJs criados para Microempreendedores Individuais (MEIs), em relação ao mesmo período entre 2016 e 2017, segundo um levantamento feito pela consultoria MEI Fácil.
No Rio, segundo o estudo, houve crescimento na formalização como MEI em mais de 200 áreas de atuação, entre as mais de 400 consideradas para a elaboração da pesquisa. O setor que mais registrou procura foi o de cabeleireiros, manicures e pedicures, com alta de 7,1%, o que significa 19.920 novos microempreendedores individuais. O varejo é segunda área com o maior número de novos MEIs, com alta de 4,3%, ou seja, 12.041 profissionais recém-formalizados. A terceira posição ficou com o setor de fornecimento de alimentos, com alta de 3,5% e um total de 9.771 formalizações. Portanto, o crescimento geral foi de 19,4%, em todo o estado.
No Brasil, o setor da construção civil teve um crescimento relevante em relação à abertura de novos CNPJ para microempreendedores individuais. O segmento de obras e alvenaria foi o que mais cresceu entre novembro do ano passado e maio deste ano (46%), seguido pelo de instalações hidráulicas, sanitárias e de gás (44%), pelo de manutenção e acabamento em gesso (42%) e pelo de serviços de pintura (31%).
O diretor da MEI Fácil, Marcelo Moraes, destaca que os números refletem um dos anseios dos consumidores:
— Ao colocar alguém dentro de casa, todos nós queremos estar seguros. Contratar um profissional com CNPJ nos dá maior confiança, tanto na contratação quanto na entrega do serviço.
Consumidor mais exigente
De acordo com Rodrigo Salem, sócio-fundador da MEI Fácil, o aumento expressivo na quantidade de novos microempreendedores individuais também está diretamente ligado ao perfil cada vez mais exigente do consumidor brasileiro.
— Entendo que alguns fatores contribuem para o aumento, e o principal deles é nosso momento econômico, onde existe muito desemprego, e as pessoas estão em busca de renda com o que já sabem fazer. Outro ponto importante é que mudaram as relações de trabalho, e as empresas precisam mais de prestadores de serviço. Por fim, destaco que o consumidor está muito mais exigente e, no Brasil, quem consome tende a buscar serviços e produtos de confiança. A formalidade, geralmente, garante isso — disse.
Ainda segundo Salem, um aspecto importante da pesquisa mostra que os autônomos buscam empreender em áreas em que já atuam ou atuaram, o que garante uma prestação de serviço com maior excelência.
— O empreendedor, em geral, quer ficar numa área que já domina. Isso potencializa suas possibilidades de lucro. Além disso, a experiência faz com que ele amplie suas possibilidades de relações comerciais, como ser reconhecido por empresas — destacou ele.
Para especialistas, o Brasil tem uma grande vocação empreendedora, o que faz com que o perfil do mercado autônomo mude constantemente. Por isso, a dica é ficar atento às áreas de atuação que estão em evidência: atualmente, o setor de serviços para pets, os seviços de entrega (delivery) e as atividades de manutenção doméstica estão em alta.
Sebrae orienta empresário
Muitos autônomos, porém, não se formalizam por não saber exatamente o melhor momento para se tornar uma pessoa jurídica, trabalhando com CNPJ. De acordo com a coordenadora do Comunidade Sebrae, Carla Teixeira Panisset, não existe momento ideal para se formalizar, mas é preciso que o empreendedor esteja atento ao mercado para saber se vale a pena sair da informalidade.
— A primeira coisa que o empreendedor deve fazer é partir daquilo que ele já sabe fazer. Este é o caminho a ser tomado. Se o profissional cozinha muito bem, já teve experiência com cozinha profissional e por algum motivo perdeu o emprego, ele pode pensar em empreender nesta área, abrindo um negócio. No entanto, é preciso estudar o mercado e observar se o mesmo não está saturado, ou seja, com excesso de pessoas que oferecem o mesmo serviço. Somente após ter um plano de negócios, indico a formalização — explicou Carla.
Segundo a especialista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), após tomar a decisão de se formalizar, é preciso ter em mente que surgirão gastos referentes ao investimento inicial no negócio e, por isso, é necessário planejamento para evitar dores de cabeça.
— É preciso ter tudo detalhado. Após traçar o plano de negócios, é necessário fazer uma planilha com os custos para não passar por apuros financeiros. Mas vale ressaltar que, como MEI, os bancos costumam oferecer crédito com boas condições. Então, a dica é sempre conversar com as instituições financeiras para conseguir financiamentos mais baratos, com taxas atrativas — orientou.
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