Começaram a ser pagas as primeiras parcelas mensais aos beneficiários do Auxílio Brasil em 2022 e, segundo a estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), boa parte dos recursos disponibilizados pelo programa já tem destino certo. De acordo com análise da entidade, considerando o pagamento do valor mínimo de R$ 400 a cerca de 17,5 milhões de famílias, a expectativa é que o novo programa injete ao menos R$ 84 bilhões na economia, ao longo deste ano.
Desse valor, aproximadamente 70% (o equivalente a R$ 59,16 bilhões) deverão se transformar em consumo imediato, dos quais R$ 28,04 bilhões no varejo brasileiro e R$ 31,12 bilhões, no setor de serviços. Em seguida, mais de 25% (R$ 21,62 bilhões) devem ser direcionados para quitação ou abatimento de dívidas. Por fim, poupados 3,83% (R$ 3,21 bilhões).
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, as projeções podem ser explicadas pelo cenário financeiro do País. “Diante das ainda frágeis condições econômicas e das características de consumo do público elegível ao benefício, a maior parte dos recursos deve ser direcionada para o consumo imediato”, observa. Vale lembrar que são elegíveis ao Auxílio Brasil as famílias em situação de pobreza (renda familiar per capita de R$ 100,01 a R$ 200,00) ou pobreza extrema (renda familiar per capita de até R$ 100,00) que tenham gestantes, mães que amamentam, crianças, adolescentes e jovens entre 0 e 21 anos incompletos.
Comprometimento com dívidas
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, explica que a definição do consumo imediato ou futuro depende de diversos fatores como massa de rendimentos, nível de preços e grau de endividamento da população. Quanto maior o grau de endividamento, maior tende a ser a parcela destinada ao pagamento de dívidas. Segundo os cálculos da entidade, para cada um ponto percentual de comprometimento da renda, o estímulo ao consumo é reduzido em 0,71%.
De acordo com indicador do Banco Central do Brasil, no terceiro trimestre de 2021, 30,3% da renda média dos brasileiros estava comprometida com dívidas, o que representa o maior patamar da série histórica iniciada em 2005. “Mesmo com a breve redução desse percentual entre o segundo e o terceiro trimestres de 2020, os desdobramentos econômicos da crise sanitária voltaram a pressionar o endividamento familiar. Assim, diante desse avanço, a tendência é que uma parcela significativa do Auxílio Brasil seja direcionada para a redução do endividamento”, avalia o economista.
De acordo com as contas da CNC, caso o percentual da renda comprometida com dívidas regredisse ao mesmo patamar do nível pré-pandemia (24,7%), a destinação de recursos para consumo imediato sofreria um acréscimo de R$ 6,75, totalizando R$ 65,91 bilhões, em vez dos R$ 59,16.
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